O amor é cego?!

O amor é cego?!

O amor é cego?! 1400 1980 Julien Diogo

“Pode ser amor à primeira vista ou uma atração ao ver uma pessoa”.

É neste estado inicial que os neurónios liberam a dopamina, neurotransmissor que provoca euforia. De acordo com estudos da antropologista Helen Fisher, o sistema límbico, associado às recompensas, é ativado quando estamos apaixonados.

De acordo com Semir Zeki do Departamento de Pesquisa Celular e Biologia do Desenvolvimento, da University College of London (UCL – Research Department of Cell and Developmental Biology), quer no amor maternal, quer na paixão, são ativadas zonas no sistema límbico do cérebro relacionadas com os circuitos de recompensa e desativadas regiões associadas a emoções negativas e de julgamento social.

Quando estamos apaixonados, a amígdala começa a funcionar mal – e isso tem grandes  consequências. Se dizemos que o amor é cego, é em resultado desse mau funcionamento. Localizada no lobo temporal do cérebro, é ela que comanda o bom senso do ser humano, ajuda na tomada de boas decisões, reconhecimento de situações de risco, entre outras funções.

Como afirma a neurocientista Berit Brogaard “Quando nos apaixonamos a química do nosso corpo entra em ebulição”, indicando que a culpa é da amígdala – uma das primeiras partes do cérebro a desenvolver-se.

Fisher, para o Observador, descreve o que acontece durante o processo de paixão: “a imprevisibilidade, o mistério e a atração sexual forçam a amígdala a entrar em hiperatividade. Através dos neurotransmissores, chega às glândulas adrenais a informação de que algo excitante, estranho, misterioso, assustador e imprevisível está a acontecer. E isto provoca a libertação na corrente sanguínea de adrenalina, noradrenalina e cortisol. A adrenalina aumenta o ritmo cardíaco e respiratório; a noradrenalina produz calor corporal, forçando o suor; e o cortisol dá energia extra para os músculos.”

Quando a oxitocina e a vasopressina entram na corrente sanguínea, a amígdala é desativada, a nossa capacidade de julgar o outro, neste caso aquele que amamos, diminui, e o alvo do nosso amor sente-se menos ameaçado e stressado.

Por incrível que pareça é a combinação desta libertação química que faz com que o cérebro apaixonado se assemelhe ao que experimenta cocaína. Por consequência, o fim das relações pode provocar um estado psicológico semelhante ao dos síndromas de abstinência, sendo que a intensidade dos sintomas depende da força com que se viveu o amor, como refere Helen Fisher no seu livro Why We Love.

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