Existem vários softwares de análise de expressões faciais, que com recurso a uma simples câmara de internet (webcam), com alguma qualidade, pode recolher várias inferências, idênticas ao que recolhe a eletromiografia facial (sendo que a fEMG é muito mais rigorosa no que se refere às microexpressões).
Um dos indicadores mais fáceis de recolher no que se refere à inferência da nossa resposta emocional, é a recolha de expressões faciais, apesar de não ser uma resposta segura, quando usada em conjunto com as restantes. Recolher dados sobre emoções é fundamental, pois são as mesmas que têm forte impacto na nossa rotina diária, interação social, memória, perceção e atenção. E quando o nosso organismo processa uma emoção, existem reações somáticas, como por exemplo, o movimento de músculos faciais, nomeadamente as denominadas unidades de ação, como por exemplo o movimento das pálpebras, sobrancelhas, lábios, narinas, entre outros músculos, controlados pelo VII par de nervos cranianos, o nervo facial, que controla os movimentos da face desde o tronco encefálico (de onde partem todos os pares cranianos, exceto o olfativo e o ótico). O único nervo que não é controlado pelo nervo facial, nas expressões, são as pálpebras, que são controladas pelo III par craniano, ou oculomotor, responsável pela contração e dilatação pupilar e pelo piscar de olhos e levantar as pálpebras.
Os softwares mais comuns identificam 7 expressões faciais universais (que não devem ser confundidas com emoções em si), que, entre outras unidades de ação, se podem designar pelas seguintes:
– Medo – Sobem as sobrancelhas ao mesmo tempo enrugando a “testa”; as pálpebras abrem e dilata a pupila; a parte inferior da pálpebra fica tensionada e os lábios ficam semicerrados deslocando-se horizontalmente em direção às orelhas.
– Raiva – As sobrancelhas baixam ao mesmo tempo; aumenta o volume dos olhos; fecham-se os lábios contraídos centralmente.
– Nojo/Aversão – Enruga-se o nariz e a parte superior das narinas; o lábio superior sobe ligeiramente.
– Tristeza – As pálpebras superiores descaem; os olhos ficam baços e perdem o foco contraindo a pupila; os lábios descaem manifestando um descair dos cantos da boca para baixo.
– Surpresa – Com uma duração muito rápida de aproximadamente 1 segundo, sobem as sobrancelhas; os olhos abrem-se e dilata a pupila; abre-se ligeiramente a boca.
– Contentamento – Sendo uma das mais controversas (e a única não descrita por Charles Darwin na identificação das emoções universais, mas sim descrita por Paul Ekman), descreve o levantar de um dos cantos da boca e pelo olho do mesmo lado que se fecha mais que o oposto.
– Felicidade/Alegria – Enrugam-se as laterais dos olhos (patas-de-galinha); as maças do rosto sobem gerando um “papo” por baixo da sobrancelha inferior; existe um movimento do músculo orbital que faz com que os cantos da boca se arqueiem para cima.
Assim, torna-se importante tornar claros mais dois termos utilizados na avaliação de expressões faciais:
– Macro Expressões – São expressões mais claras e longas, que duram por norma entre 0,5 e 4 segundos, que normalmente representam uma causa direta.
– Micro Expressões – São expressões de curta duração que duram por norma entre 0,04 a 0,07 segundos. Este tipo de expressões, normalmente cobre uma emoção “escondida” que é resultado de uma repressão ou supressão.
Devemos ressaltar que a utilização de bloqueadores musculares faciais (como por exemplo, o uso de Botox), impede o correto aferir de expressões, pois não é percetível o movimento muscular facial.
Neste contexto, a utilização destes tipos de software, permite inferir sobre:
- Sentimentos – Que são perceções subjetivas e individuais determinadas em “programações emocionais”. Derivam por norma de pensamentos conscientes e reflexões, sendo que podemos ter emoções em ter sentimentos, mas já o contrário não, ou seja, não podemos ter sentimentos sem ter emoções.
- Humor (estado de espírito) – Que são estados subjetivos internos e difusos, que geralmente são menos intensos e mais prolongados do que as emoções. Estes são fortemente afetados pela nossa personalidade e forma de ser individual. Esta forma de ser, pode afetar as nossas expressões faciais voluntariamente, por exemplo, sorrindo, o que afecta e altera o mapa somatossensorial, podendo disparar ou ativar emoções específicas, como por exemplo, alegria ou felicidade.
- Afectividade – Este descreve o modo como as emoções, sentimentos e estado de humor, se conjugam e reagem de imediato a um determinado estímulo, podendo ser categorizada de acordo com a sua intensidade. A recolha de dados sobre como nos relacionamos afetivamente com um determinado estímulo é de extrema importância para o consumo.