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Como a visão afeta a nossa coordenação no espaço?

Como a visão afeta a nossa coordenação no espaço? 1400 1980 Julien Diogo

Diariamente exploramos ativamente o mundo movendo os olhos, a cabeça e o corpo sendo esta exploração o que nos dá novas fontes de informação.

Para localizar um objeto no mundo exterior temos de saber qual é a posição dos olhos nas órbitas e a posição da cabeça em relação ao corpo (a profundidade do campo visual é também um outro problema).

Acontece que nós transformamos uma imagem visual de algo que está centrado nos olhos em algo que está centrado no corpo e, por isso, em relação ao qual podemos agir.

Richard Andersen teorizou como o espaço visual é transformado de coordenadas visuais em coordenadas corporais. Nós vemos coisas porque os recetores da retina entram em funcionamento com fotões de luz e o nosso cérebro representa essa informação no córtex visual. No entanto, se movermos os olhos, os recetores numa parte diferente da retina irão entrar em funcionamento e é criada noca informação que é guardada numa parte diferente do córtex visual – mas continuamos a saber que os objetos que vemos estão no mesmo lugar. Então, como é que o cérebro garante que continuemos a fazer atividades que nos obriguem a saber exatamente onde estão os objetos ao mesmo tempo que estas mudanças acontecem?

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Richard Andersen

Foi proposto por Zipser e Andersen, em 1988, que existe um mecanismo chamado Ganho de codificação do espaço que torna possível que os neurónios representem tanto a localização dos objetos na retina como no angulo de visualização (e.g., para onde estamos a olhar no espaço). Para que isto seja possível, o ângulo de visualização tem que ser atualizado rapidamente a cada movimento ocular.

Arnulf Graf e Richard Andersen do California Institute of Technology mostram que o código neuronal dos movimentos oculares e posição do olho na região do cérebro chamada córtex parietal é muito precisa e correta e atualizada rapidamente quando os movimentos oculares são executados. Este mecanismo é o que nos permite que tenhamos perceção do espaço e do objeto sem sequer darmos conta do processo.

Existem diferentes vias do cérebro em relação à perceção de objetos:

  • Localização do objeto e reação em relação a ele (e.g., pegar nele);
  • Identificar o objeto (e.g., saber que é uma chávena de café).

Milner e Goodale, em 2008, afirmam que a informação visual é transformada em diferentes formas para diferentes fins, o que sugere uma distinção no sistema visual em visão para a percepção e visão para a ação. Consideram que a conexão entre as duas vias é flexível e indireta.

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David Milner
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Mel Goodale

Estas duas funções, geralmente, funcionam bem em conjunto e por isto é que podemos, à partida, localizar bem o objeto no espaço e pegar-lhe sem dificuldades pois criamos a perceção de onde se localizava em relação ao nosso corpo e o peso que teria. Ou seja, saber o que é o objeto influencia a forma de interagir com ele. Não é o mesmo pegar num pisa-papéis ou num ovo e se não combinássemos a perceção de espaço com a identificação do objeto era provável que esmagássemos o ovo ou não conseguíssemos levantar o pisa-papéis.

 

Referências bibliográficas:

SETH, Anil. Paula Caetano, O Cérebro em 30 segundos. Lisboa: Jacarandá, 2018.

eLIFE. Cambridge. [DATA DE CONSULTA. 2019-02-11 17:10:14]. Disponível na Internet: https://elifesciences.org/articles/03146

Research Gate. Berlin. [DATA DE CONSULTA. 2019-02-11 17:14:45]. Disponível na Internet: https://www.researchgate.net/publication/326467076_Gestao_Visual_Resultados_Preliminares_de_uma_Revisao_Sistematica_de_Literatura_sobre_seus_Conceitos_e_Principios

Fazer “reset”?

Fazer “reset”? 1400 1980 Julien Diogo

Fazer “reset”?

Quando dormimos, as células cerebrais encolhem até 60% para dar espaço ao processo de limpeza e renovação das ligações sinápticas. É por isso que, após uma noite bem dormida, temos a sensação de que podemos pensar mais e melhor. 

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